Já tive um país pequeno,
tão pequeno
que andava descalço dentro de mim.
Um país tão magro
que no seu firmamento
não cabia senão uma estrela menina,
tão tímida e delicada
que só por dentro brilhava.
Eu tive um país
escrito sem maiúscola.
Não tinha fundos
para pagar a um herói.
Não tinha panos
para costurar bandeira,
nem solenidade
para entoar um hino.
Mas tinha pão e esperança
para os viventes
e sonhos para os nascentes.
Eu tive um país pequeno,
tão pequeno
que não cabia no mundo.
("Poema didáctico" - Mia Couto
em "Tradutor de chuva", 2011)
anto
anto
1 comment:
que linda foto e que delicado e comovente poema do Mia Couto. Ao mesmo tempo alegre e triste. Muito bom, cada vez gosto mais dele.
lu
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