2011/06/09

Luis Cardoso, escritor de Timor

Folheando o JL desta quinzena, qual não é o meu espanto e encanto ao deparar com esta prosa! Perdoe-se-me esta falta de modéstia, mas é absolutamente irresistível:

"17 de Maio de 2011
Começo o dia pela Biblioteca de Oeiras. Passo pela secção infantil, onde a (minha filha) Clara dá largas à sua alegria com a extensão do espaço, com a quantidade e diversidade de livros e com a simpatia das funcionárias.
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Toca nos livros e demora-se mais na prateleira dedicada ao tempo. Pega num livro onde se mostram os relógios. Gosta dos relógios, do tique-taque dos relógios. Tem isso tão presente na sua cabeça. Como se todos os objectos tivessem pulsação.  Inclusive aqueles que estão pintados nos livros.  Inclusive o combóio que passa aqui mesmo ao lado.  Nesta linha de  Cascais  onde não  vivem só betinhos.
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Aqui nesta Biblioteca de Oeiras fazem-se milagres.  As crianças entram tristes e saem felizes.  Crianças de escolas públicas e privadas, provenientes de vários extractos sociais, Visitam-na para ouvirem estórias. Estórias que contam os contadores de estórias. Falam, riem, choram, fazem caretas, pulam e dançam. Fazem tudo para que ninguém fique sem perceber a estória.
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Excerto de Aqui em Baixo é tudo Azul , crónica em forma de Diário in JL nº 1061, de Luis Cardoso, escritor de Timor considerado o mais importante ficcionista timorense, autor do romance Crónica de uma Travessia.